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Uauá. Parte 3: Caratacá
As pessoas por lá falam rápido e eu não conseguia reproduzir Caratacá. Saía taracacá, caracacá, tacaracá, menos caratacá. Mas quando Dona Joana me explicou a origem do nome deste povoado pacato de Uauá, não errei mais. Não sei se é verdade ou só uma regrinha mnemônica que funcionou, mas Dona Joana jura que aconteceu. No passado distante, alguns índios em passagem por uma trilha iam em fila dispersa. Uns bem mais à frente, outros lá atrás, provavelmente os que ficam de conversê. Os da frente param assustados ao ver um corpo sem cabeça. Tá certo que com reza brava tem gente que se invulta, mas invulta por inteiro. Então gritaram para os últimos: achamos um corpo. Ao que os de trás responderam: a cara tá cá, a cara tá cá! E assim nasceu o nome do povoado. A história era esta, mas fico imaginando que talvez tenham fincado uma cruz ou fizeram uma capela no lugar ao redor do qual nasceu o povoado, não sei, não apurei. Mas o nome ficou e eu não mais me esqueci: Caratacá. Que é isto: uma igreja e atrás dela um quadrado onde meninos jogam bola, alguns bancos convidativos nas margens e casas em volta com fachadas de um tempo de construtores artistas, umas diferentes das outras, lindas. Cadeiras nas calçadas, crianças na janela e mulheres que fazem bicos e bordados. E tem Dona Joana, mãe da Jussara, que vende seu manuê de milho da roça, assado no fogão de lenha, na porta do bar onde se vendem também bujões de gás e cerveja, esquina com a rodovia. Oposto à igreja, o cemitério intrigante. Como adoro a Bahia! Este lugar me fez lembrar de Mombaça. Pena que o moço que quebrou a clavícula ficou quatro dias sem médico, sem transporte. Disso também não esqueço.
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