Acrelândia 2012: Bagagem de Acrelândia
Comida Saudável

Acrelândia 2012: Bagagem de Acrelândia



Quando volto, sempre demoro a chegar porque não sei como organizar o que vem na bagagem. 


Bem, as mudinhas que trouxe em estufas improvisadas ou embaladas de jeito precário estão mais vivas que nunca, já acomodadas em vasos: quase vinte mudas de cupuaçu que colhi do quintal da Oliete, brotos dos ingás açus que ganhei da Patrycia, coco anão que comprei do Seu João, buriti e açaí, presentes do Seu Dorival, fruta-pão do quintal da escola, inhame roxo da colônia da Celmira, no Remansinho,  e sementes de locoto, da Bolívia. 


Ainda da Bolívia vieram manis pelados (amendoins), cerveja, quinoa e folhas de coca. De Nova California, Rondônia,  trouxe as sementes torradas de cupuaçu, óleo de castanha e manteiga de cupuaçu, do Projeto Reca. Dos quintais de Acrelândia, cupuaçu, pimentas e cheiros.  Mas tem muito mais. 


Trago ainda a façanha de em pouco tempo ter cruzado fronteiras, atropelado buracos nas estradas de asfalto e atolado em rios de lama nos ramais de terra que levavam ao meio da floresta amazônica. É que Acrelândia fica região de encontros entre Rondônia, Amazonas e Acre, fazendo ainda fronteira com Bolívia, através de uma pequena ponte de madeira sobre o rio Acre. Portanto, mesmo tendo botado os pés nestes três estados e naquele país,  a façanha não foi lá tão grande assim, devo admitir.  


Quem segue o blog, acho que já sabe que fui para lá porque participo de um projeto da USP que acompanha estado nutricional das crianças de Acrelândia. Minha parte é só dar as oficinas culinárias, que tenho liberdade para planejar de acordo com os ingredientes locais. E esta é a melhor parte porque chego lá com uma ideia na cabeça que vai mudando a cada minuto na medida em que vou conversando com as pessoas, observando os quintais e os mercados. 


Fomos eu e a pós-doc Fernanda Cobayashi, que me ajudou na organização e desenvolvimento das atividades. Eu brincava com ela dizendo que me sentia muito lisonjeada por ter uma assistente pós-doc,  que quebrou muita castanha e tirou muita polpa de cupuaçu na tesoura, até o ponto de se enjoar do cheiro.  Mas a verdade é que estávamos em seis na casa (as outras, todas pesquisadoras do projeto de Malária) e todas me ajudaram muito na hora das oficinas. Para saber mais sobre os dois projetos, de nutrição e de malária, acho que este outro post da minha primeira ida a Acrelândia explica melhor: http://come-se.blogspot.com.br/2011/07/come-se-volta-de-acrelandia.html. 


No domingo ainda tivemos a visita da amiga Patrycia e do marido Marcos, que nos levaram vários presentes gastronômicos de Rio Branco, onde moram e que fica a cem quilômetros de Acrelândia, já que desta vez não tivemos tempo para visitar a cidade: massa de tapioca, ingás, coquinhos oricuri, cuscuz com leite de castanha,  castanhas frescas, pé-de-moleque na folha de bananeira e batatas de taioba. Aliás, ela também postou no blog dela, Mesa na Floresta,  sobre a visita.  

Mas vou falar de cada coisa aos poucos, mais detalhadamente.  Por enquanto, só umas fotos.


Na Bolívia se vendem produtos chineses baratos, mas há também coisas de comer

As amigas de casa foram companheiras também na hora de receber Patrycia.
Susana, Raquel e Camila à nossa esquerda; Fernanda e Natália à direita

Patrycia mostrando como descascar o coquinho - delicioso como tucumã

Eu fazendo pão de inhame no Ramal do Remansinho, estado do Amazonas


Carro do projeto atolado, coisa mais normal do mundo

Nova California é distrito de Porto Velho, Rondônia

Só 50 km de barro e atoleiros para chegar ao Remansinho, cidade de Lábrea - AM

Presentes da Patrycia

Uma pequena ponte de madeira separa Brasil e Bolívia 











Uma das oficinas com gestantes (a menina só está acompanhando) 






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