Comida Saudável
Come-se em Piracaia
Chegamos à pousada reservada em Piracaia para lá das duas da tarde. É que antes disso nos distraímos, fomos visitar outra pousada no caminho e nem vimos o tempo passar. O lugar reservado era lindo e o jovem casal de caseiros, uma graça, mas não acho que a pousada em si mereça uma nota. Já com o estômago nas costas e longe da cidade, fomos obrigados a comer o que tinha: lasanha congelada sadia esquentada no microondas. No jantar, poderíamos escolher espaguete à bolonhesa ou estrogonofe. Para beber, no quarto havia uma bandeja com espumante Salton com o preço vinte reais marcado a caneta grossa no próprio vidro e duas taças de plástico descartável. Marcos e eu rimos muito de imaginar ali um jantar romântico. O cardápio é este e pronto, não importa se você vai ficar lá um ou três dias. Para compensar, havíamos nos encantado com a outra pousada que visitamos e por sorte reservamos o almoço do domingo.
Não era ainda meio dia de ontem e já estávamos na Pousada Figueira Grande. Com a intimidade que a visita anterior nos deu, fomos avisar a Helenice de nossa chegada. Ela é a dona e estava fazendo nossa comida, já que a cozinheira estava em seu dia de descanso (a pousada estava vazia, como acontece com quase todas à beira da represa em tempo de frio). Fiquei bastante animada quando vi o fogão de lenha em plena atividade. Mas fiquei mesmo encantada quando bati os olhos na bancada de pedra com as hortaliças limpas e arranjadas harmoniosamente. Todas orgânicas, colhidas da horta ao lado. Serralha, almeirão roxo, capuchinha, couve, rúcula, cebolinha, tomate e ervas aromáticas.
As favas brancas portuguesas, que Helenice ganhou de uma amiga, tinham acabado de ficar prontas - estavam macias e salpicadas de tempero, e o perfume das ervas contagiava a cozinha, misturando-se ao defumado da lenha. Deixei algumas sementes de orelha-de-padre ou feijão mangalô para ela plantar junto das favas.
Pedi uma caipirinha de limão rosa e Helenice estendeu o braço para colher os frutos maduros que estavam logo ali na saída do salão. Marcos ajudou a colher os mais altos e voltou com as mãos perfumadas. A cachaça usada é de um produtor local, Lafayete, considerada a melhor da região.
Enquanto ela terminava de preparar nosso almoço, passeamos pela pousada e subimos aos chalés de onde se tem uma vista admirável para a represa de águas verdes e límpidas (veja o site). Visitamos ainda o pomar, a piscina e a horta. Ananda se esbaldou com o arroz, feijão, carne de porco assada e creme de espinafre. Tudo fresquinho, bem temperado e feito de um jeito despretensioso, mas com esmero.
Helenice está bem longe de ser uma mulher do campo, porém está ali há 30 anos, adora o que faz e tem prática em toda a lida rural. Formada em letras pela PUC e professora de ioga, bota a mão da massa, dá aulas e participa ativamente das ações comunitárias que visam a melhorar as condições humanas e ecológicas na região. Saímos de lá com a vontade de voltar para passar alguns dias descansando.
O preço da diária para casal (R$ 280,00) com pensão completa é mais barato que um jantar para dois em vários restaurantes de São Paulo, com a vantagem de que a espera é toda uma área com mata atlântica, frutas, verduras e água, muita água. Você pode também fazer o passeio de um dia na cidade (a localização exata da pousada é em Nazaré Paulista, mas é mais perto da vizinha Piracaia) só para ver montanhas e represa, visitar o Alambique do Lafayete e almoçar no Figueira Grande. Vai gastar pouco e repor energias, afinal Piracaia é tão pertinho de São Paulo. Só de olhar alguns minutos para aquela imensidão de horizonte e água cristalina já se reconquista aquela leveza que a semana estressante nos roubou.
Pousada Figueira Grandewww.pousadafigueiragrande.com.br
Tel. (11) 4597-6617 . (11) 4597-1665 . (11) 9618-0854 (mesmo que você esteja em São Paulo, precisa do código 11)
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